Manejo Integrado do bicho-mineiro do café

Manejo Integrado do bicho-mineiro no café

Dividindo o pódio com a broca-do-café, o bicho-mineiro é considerado uma das principais pragas da cafeicultura. O manejo integrado dessa praga é estratégia fundamental para evitar prejuízos ao cafeicultor.

De nome científico Leucoptera coffeella, pertence à ordem Lepidoptera e, à família Lyonetiidae. Já seu nome comum é em função de seu hábito de alimentação, uma vez que a larva penetra na folha e se aloja entre as duas epidermes, se alimentando e construindo minas, como na figura abaixo.

Figura 1. Danos causados pela larva do bicho-mineiro (Leucoptera coffeella), caracterizados pelas minas nas folhas do café. A) folha de café com minas; B) Imagem ampliada de uma mina, com destaque para a larva. Fotos: Fernando H. Iost Filho (2020).

Os principais danos dessa praga são em função da desfolha ocasionada pelo ataque da fase larval, que resulta em menor atividade fotossintética da planta e, consequentemente redução na produtividade. As perdas causadas por esse ataque ficam mais evidentes ainda na safra seguinte, quando a planta perde forças devido à desfolha.

O adulto dessa praga, uma mariposa pequena de coloração esbranquiçada na parte anterior do corpo e escura na parte final do corpo (como pode-se ver na figura abaixo), costuma realizar suas posturas no período noturno, sendo, geralmente, colocado 1 ovo por folha.

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Figura 2. Adulto do bicho-mineiro (Leucoptera coffeella). A) adulto em proporção com uma mina causada pela fase larval; B) Imagem ampliada do adulto em um ramo de café, com destaque para a coloração esbranquiçada na parte anterior do corpo e, escura na parte final do corpo. Fotos: Fernando H. Iost Filho (2020).

Após emergirem, as larvas penetram nas folhas e se desenvolvem por um período que pode variar entre 9 a 40 dias, em função das condições climáticas do local. Após esse período, saem das folhas e se tornam pupas, cujos casulos têm o formato característico de “X”, como na figura.

Figura 3. Pupa (casulo) do bicho-mineiro (Leucoptera coffeellaI), em formato típico de “X”. A) Casulo do bicho-mineiro em proporção com uma folha de café; B) Imagem ampliada. Fotos: Fernando H. Iost Filho (2020).

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As condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento dessa praga são altas temperaturas e baixa umidade. A flutuação populacional da praga ao longo do ano é caracterizada por picos populacionais entre os meses de Novembro e Janeiro.

Dentre as condições da cultura que favorecem a praga estão o maior espaçamento entre plantas, devido à disseminação dos adultos pelo vento e, desequilíbrios nutricionais. Uma característica ecológica dessa praga, que deve ser levada em consideração para uma melhor amostragem, é o fato de que a maior parte das posturas e desenvolvimento de larvas se dar na parte superior da planta do café, enquanto mais de 80% das pupas são encontradas na região inferior da planta.

Falando em amostragem, recomenda-se que essa seja realizada quinzenalmente, observando-se as folhas da região superior e mediana da planta. Para tanto, deve ser considerada a área do 3 ̊ e 4 ̊ par de folhas desenvolvidas a partir do ápice, amostrando-se 100 folhas por hectare, ou 3 folhas por planta em 20 plantas por talhão. Os adultos também podem ser monitorados com o uso de armadilhas tipo delta com feromônio sexual sintético, sendo recomendado o uso de 1 armadilha por hectare. O monitoramento de adultos é complementar e serve como um direcionador de estratégias de manejo, uma vez que não existe um nível de controle estabelecido em função do número de adultos capturados na armadilha.

Vale ressaltar que os níveis de controle devem variar em função das condições de cultivo
em cada região e, até mesmo em cada propriedade. De modo geral, recomenda-se dar início à utilização de métodos de controle quando a amostragem indicar presença de lagartas vivas em 40% das folhas observadas na época de inverno da região Sudeste e, 20% das folhas observadas no verão.

Em programas de Manejo Integrado de Pragas, várias táticas de controle devem ser empregadas, de maneira harmoniosa e complementar. Para o manejo do bicho-mineiro, o controle cultural é essencial e deve ser implementado por meio de um menor espaçamento entre plantas, manejo nutricional equilibrado e, bom controle de plantas invasoras. Já existem variedades resistentes a essa praga e, cada vez mais pesquisas são realizadas visando o desenvolvimento de novas.

O controle químico ainda é a estratégia mais utilizada, sendo possível a aplicação direcionada no colo da planta (drench), no solo (tratorizada ou via irrigação), ou na parte aérea da planta com pulverizadores convencionais, sendo geralmente aplicados em misturas com fungicidas. Recomenda-se que o controle químico seja empregado de maneira racional, dando prioridade a produtos seletivos pois existe uma grande variedade de inimigos naturais que naturalmente reduzem a população da praga no campo (controle biológico).

Em resumo, é essencial que o produtor esteja sempre atento à sanidade geral do cafezal, evitando que a lavoura apresente as condições favoráveis ao desenvolvimento do bicho- mineiro. Ainda, o cuidado deve ser realizado durante o ano todo pois mesmo nas fases de menor desenvolvimento da praga, as pupas podem ter seu desenvolvimento retardado, de modo que o número de adultos seja maior quando as condições sejam favoráveis à praga.

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